Fantástico denuncia irregularidades no Samu em Sergipe.

27-09-2011 01:39

 

Fantástico denuncia irregularidades no Samu em Sergipe.
Divulgação

O programa Fantástico, da emissora Rede Globo, exibiu uma matéria no último domingo, 25, que denunciava incontáveis irregularidades no serviço de ambulâncias no Brasil. Sergipe ganhou imenso destaque na matéria devido ao alto número de problemas apontados. Segundo o programa existem no Brasil mais de 1.200 ambulâncias novas paradas e abandonadas - um desperdício de dinheiro público.

Em Aracaju, a equipe de reportagem flagrou o estepe de uma ambulância amarrado com ataduras. Além disso, o veículo não possuía nem macaco e nem chave de roda. "Se a viatura parar, onde parar fica", comentou o condutor à equipe do Fantástico. Ainda em Aracaju, a equipe de reportagem localizou seis ambulâncias do Samu sendo usadas irregularmente. Uma delas não tem placas, não tem documentação e, no Detran, nem existe.

Na base do Samu, que atende a região de Aracaju, um funcionário diz que chega a ficar sem fazer nada o dia inteiro. "Ficamos de prontidão, mas sem atividade nenhuma, descansando. Nossa ambulância já está há um bom tempo em manutenção", revela. "Diariamente, nós temos 14 ou 15 viaturas fora de circulação por problemas de manutenção, por problemas de quebra da viatura", comenta Samanta Bicudo, presidente do sindicato do Samu em Sergipe.

A equipe também esteve por dois dias em outro grande hospital público do Nordeste. O Hospital de Urgência de Sergipe, em Aracaju, também estava superlotado e usava as macas do Samu. Uma ambulância chegou por volta das 21h. Às 23h, e continuava parada. Isso porque o hospital não liberou a maca.

 

Segundo a Secretaria de Saúde de Sergipe, o estado tem 50 veículos do Samu. Em Estância, uma fita adesiva ajuda a prender o volante. O velocímetro sofreu uma pane elétrica. Como o freio de mão também está com problema, uma pedra serve de calço.

Há dois meses, Maria José Santos, de 41 anos, precisou do Samu de Estância. Como a ambulância estava quebrada, veio uma de Boquim, a 30 quilômetros do local. Os atendentes decidiram levar a doente para Aracaju, onde fica o principal hospital do estado, mas no meio da viagem... "A ambulância quebrou, o cabo do acelerador, no meio da BR. Ficou mais ou menos meia hora para outra vir", contou Izilaine Souza Santos, filha de Dona Maria. Maria morreu antes de dar entrada no hospital, três horas depois do pedido de socorro.


O Ministério da Saúde recomenda que o tempo entre a ligação para o 192 e a chegada ao hospital seja de 15 minutos. A Secretaria de Saúde de Sergipe disse que vai comprar, com dinheiro próprio, mais 30 ambulâncias em até 90 dias e reconheceu que houve demora no atendimento da Dona Maria.

O serviço 192 funciona assim: na chamada central de regulação do Samu, os primeiros a responder a uma ligação são técnicos. Geralmente, uma única central é responsável pelo atendimento em várias cidades. A coordenação é feita por médicos, que decidem se é preciso enviar socorro - isso quando existe ambulância.